sexta-feira, 5 de maio de 2017

A solidão é uma doença de pele








feist | lonely lonely

De noite assobiam os imãs da destruição.
O mesmo vento que hoje nos arranca pela raiz
cose-nos com fio duplo ao vento de amanhã.
Somos manchas minúsculas sob os riscos da noite,
A cidade por onde caminhamos é um sapato demasiado apertado.
Um ar sem céu denuncia-nos, veste-nos para a desaparição.
Perdidos para sempre os planos do homem
um a um vão-se fechando todos os poros.
Tornamo-nos impermeáveis na solidão:
dentro da pele não viaja ninguém;
fora da pele ninguém nos vê passar.

Jesús Jiménez Domínguez

(daqui)

1 comentário:

Luis disse...

a poesia é o bisturi filho da puta de que a gente gosta