terça-feira, 5 de outubro de 2021

O medo


joan shelley | siren 

Às vezes sinto-me tão desesperado que me

sento a escrever como quem chora.

Eugénio de Andrade


Fechas os olhos e tens cinco anos outra vez, trincas as bochechas como quando tens medo, cerras os punhos e esperas que passe mas o coração bate cada vez mais depressa, a voz não sai, tens um nó na garganta e sabes que ninguém te pode ajudar. Passaram os anos e tu aprendeste a esconder tudo debaixo do tapete. Até que o desespero te faz gritar em fúria as palavras que julgaste esquecer. Às vezes recusas olhar para dentro porque tens vergonha do que te tornaste. Um monstro. E só a escrita te salva.

2 comentários:

Anónimo disse...

Um abraço.

ana p disse...

E a poesia...
Bj