quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Uma voz na pedra



feist | lonely lonely

Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.

António Ramos Rosa

4 comentários:

josé luís disse...

:))

ooohhh! que lindo...




(obrigado)

josé luís disse...

(desafio mais-do-que-ganho, claro! :) )

Vanessa disse...

ainda bem que gostou. este poema já cá fazia falta... ;)

ana disse...

nem mais :)*