segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Touch my skin to keep me whole












jeff buckley | mojo pin

Apenas te amo com a carne magoada de tantos sonhos anteriores, apenas te amo e vou anoitecendo devagar. Apenas te amo com a vulgaridade dos dias, com este silêncio velho à beira do mar, nos canteiros, caminhos de erva e de pedra e de terra, à vez seca à vez húmida e os seus breves pirilampos e orvalhos.
Trago o chão todo que pisei agarrado a mim, os homens que amei e a ti, os filhos que pari e de ti mãos jovens como manhãs brancas de veludo e o tempo todo, no tempo todo, agarrado a mim.
- Apenas te amo com a vulgaridade dos dias.
Inventa-me outro lugar, vá.
- Um que seja - perpendicular ao nome das coisas para devolver-me esse espanto redondo que é o amor.
Um lugar, sim, curvo, fechado, lento, lentíssimo. Como um rasto molhado de silêncio lambendo os caminhos, os dias e na terra, à vez seca à vez seca, o chão que trago agarrado comigo.

- Apenas te amo com a vulgaridade dos dias. Demasiado quotidiano, talvez, eu que sou só uma alma antiga.

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