há mulheres que lamentam a sorte quando os dias despontam no choro,
morrem do avesso com a tristeza a escorrer pelo corpo.
deve ser assim que a palavra medo lhes assoma à flor-da-pele:
a ternura é um trapo enxovalhado, esquecido à margem do poema.
as mulheres feitas de vento e cegueira inventam promessas
de júbilo, carregam o céu inteiro por dentro dos olhos e é sempre
longe do coração que a vida se torna habitável.
há mulheres exaustas de fugir ao abismo, à procura
de um consolo que lhes soe a amor sobre o ventre.
há mulheres que fogem do acaso porque a voz se perdeu no vazio,
mas desse sumiço só os olhos conseguem falar.
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