a escrita e todas as paisagens
viajar no combóio-correio da noite
repisar tua sombra oblíqua naqueles areais
cercado de água morder o coral do medo
onde tua ausência se quebra… migrar
com as marés da noite para regiões onde o sonho existe
fora de ti
uma cerveja outra e outra
para que um sorriso se revele na embriaguez da despedida
abro um livro:
uma só coisa é necessária: a solidão, a grande solidão interior. Caminhar
em si próprio e, durante horas, não encontrar ninguém – é a isto que é preciso chegar.
não consigo ler mais… fecho os olhos
a paisagem desaparece num rápido e desfocado adeus
penso voltar
e sei que mentira desperta já em mim
recosto-me profundamente no assento… desafio o sono
invade-me a ânsia do eterno viajante
combóios barcos que vão para onde?
esperem por mim
eu vou
Al Berto
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