Se escrevo, é contra o medo. Entre palavras que magoam, estilhaçam, e deixam a descoberto as cicatrizes e feridas de um passado que não me pertence e ainda assim tomo como meu. Escrevo pela necessidade imensa de dizer o que foi dito cem vezes e não sairá jamais desta voz sumida. Até à exaustão. Os lábios a fecharem-se, – o coração a dar as voltas possíveis no peito; a encolher, tremendo – e o aperto, a angústia, o peso de voltar a tudo o que dói. Por cada palavra dita, há todas as que se calam. Um silêncio ensurdecedor que teima em acordar os fantasmas que pairam no quarto. Se escrevo, meu amor, é pela coragem que não tenho. Para tentar roubar alguns beijos à melancolia e derramar as últimas lágrimas na tua almofada. Ninguém ama uma mulher triste. Se escrevo é para esquecer as fotografias. E, juro, eu só queria oferecer-te um diário de flores. Ser a tua princesa cor-de-fogo e lutar contra tudo o que nos quebra o sorriso.
2 comentários:
"Um homem (uma mulher) pode destruir tudo dentro de si, amor, ódio e crença, e até mesmo a dúvida, mas, enquanto se agarrar à vida, não pode destruir o medo."
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mysweetheart
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tu sabes. como eu. dos mundos interiores onde se constrói tristeza.
sempre soube. com a dura consciência de quem conhece a dor. que ninguém nunca me amará. por ser uma mulher triste - vanessa. se os homens soubessem que devem às mulheres tristes toda a liberdade -
um abraço
da
mar
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