quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Is there a remedy for waiting?



angus & julia stone | all of me

Reconheço este quarto impermeável
reconheço-te estás adormecido
o peito muito aberto as mãos luminosas
o grande talento dos teus dentes miúdos

Há o perigo de um grito lindíssimo
quando andas assim comigo no invisível

Quando a manhã vier sairás comigo
para o espaço que nos falta para o amor
que nos falta

A aurora
está fatigada

A aurora
como um rio nosso
em torno dos elevadores

Tinha eu a idade
de um marselhês
silencioso
e tímido

Tu davas-me a lousa dos magos
o teu riso as letras
mais obscuras do alfabeto

Foi há muito tempo
ou agora
na caverna dos leões expressivos

A caverna que dá para a caverna
a caverna os lagos diligentes

Belo tu és belo
como um grande espaço cirúrgico

Porque tu não tens nome existes

A minha boca
sabe à tua boca

A minha boca
perdeu a memória
não pode falar as palavras
entram no seu túnel
e não é preciso segui-las

Disse que és alto
alto
branco e despovoado

Mário Cesariny

1 comentário:

josé luís disse...

há muito tempo que não (re)lia isto.
e nunca pensei nestas palavras sob estes sons.
obrigado.



(aceita outro desafio?
um poema e uma fotografia para uma canção pop mais-que-pefeita,
http://dai.ly/bguk88)